quarta-feira, novembro 28, 2012

Distração



Que desça um anjo do céu, que me dê dois sopapos na cara, na lata, e me acorde.
Não o acordar de abrir os olhos, mas o acordar de enxergar.
De ver a vida em volta, ver o sinal que mal abriu e os carros que já aceleram, a criança com o cachorro e os pães que saíram do forno.
Lembra-me anjo, que tenho contas pra pagar e as unhas dos pés para aparar.

Empurra-me, anjo, e faça-me andar, sair do lugar e caminhar na chuva.
Leve-me, anjo, pra ver o sol se pôr lá no fim da estrada do Pontal, lembra-me de como é bom o cheiro do mato e o barulho do vento nas folhas.
Desça anjo e fala-me dos homens e seus medos, e cante comigo a sua preferida do Roberto.
Venha anjo mostra-me o que tenho esquecido, um mundo inteiro girando despercebido.
Vire a ampulheta, anjo e mostra-me que o tempo não parou.
Dei-me asas, anjo e me lance ao vôo e se eu cair, recolha-me, acolha-me e faça-e dormir novamente...

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