sexta-feira, novembro 12, 2010

volátil

Ela não era toda minha
Inteira, nunca
Faltava parte 
Ou quase tudo
O tanto dela que eu não tinha

Flutuava
Por isso não se apegava
Nada a fixava
Não ficava
Passava
E sempre fazia falta

Tentar prendê-la 
Cercá-la, impossível
Se previa o risco
Ela transbordava
Fervia detergente
E derretia toda a cena

Comigo,pouco
E só as vezes
E de uma vez que não voltou mais
De tão só
Me fez louco.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Paixão patológica

Carrego em mim uma paixão que apareceu há algum tempo atrás.

Ela não cresceu, nem morreu, atrofiou e não sai mais.

E como uma erva daninha, parasita meu corpo.

Depois de correr por ele todo, me agarrou no pescoço.

Me morde a nuca, repuxa o ombro, me arranha a pele e rói o osso.

Ando torta até.

Parece torcicolo, mas não é.

Há quem diga que dei um "jeito".

Mas é só desajeito de paixão que não sara.

Que as vezes inflama,

escorrega pro peito,

começa doer e não para.