sábado, dezembro 21, 2013

Novo ano velho...

E lá se vai mais um ano... e eu ainda contestando essa forma de divisão e marcação de tempo...
Que não controla nem organiza , apenas numera.
Ansiosa como sou, detesto esperar e não marco nem combino nada com muita antecedência,porque
não curto cultivar expectativas sobre o futuro,ou mesmo sobre as próximas horas.
Quem me conhece mais de perto sabe dessa minha relação confusa com o "tempo". Neuras, talvez traumas cármicos, ou a minha cota de esquizofrenia familiar ; Confesso que ás vezes me agarro com o passado, reconstituindo minhas lembranças preferidas, e até desenterrando as doloridas, e acho que todo mundo faz isso...

A moda, e as tendências pop culturais estão coloridas com o psicodelismo de 70 , os grafismos de 80 e a eletricidade de 90. É o avanço ao passado.
Remakes de filmes, novas bandas "antigas" no mercado fonográfico, e as festas "Ploc" , provam que não sou só eu que queria viver ontem...
só que eu nunca pensei que o mundo moderno seria tão saudosista. Mas tem a outra parte, dos que vivem só o amanhã...
há pouco tempo descobri que algumas escolas estão fazendo uma espécie de "vestibulinho"a partir do primeiro ano primário,para a garotada já entrar no esquema. Surreal pra mim, mas de relativa importância paras os pais que matriculam os filhos nessas instituições.
Ouvi de uma mãe que fala pelos cotovelos, que seu filho deveria estar preparado para a competição acirrada que enfrentaria para se graduar e para entrar no mercado de trabalho, já estava pesquisando as áreas profissionais que possivelmente estariam pagando melhor daqui há uns dez anos. Ela profetizava uma futuro promissor e lucrativo, enquanto eu observava o moleque de dez anos com cara de nerd que não come feijão, ao seu lado, hipnotizado pelo PSP. Nem sei se ele sabia que sua mãe já tinha comprometido uma década de sua vida em prol do sucesso da próxima.
Bom, dei muitas voltas tentando explicar que o fato de trocar o imã de geladeira com o calendário de 2013 pelo de 2014 que a farmácia me deu de brinde hoje, não vai mudar nada na minha vida, nem renovar minhas esperanças, até porque elas sempre estão fresquinhas...
Além disso sou positivista e bem humorada sempre, em anos comuns ou bissextos, no ano do tigre ou do rato, de Vênus ou Saturno. Vai ser só mais uma longa sequência de dias nos quais vou amar, chorar, cantar, doer, crescer, retroceder,ganhar, perder... assim como foi hoje...
Então que siga o relógio girando na parede e o sol no céu, contanto que as minhas horas passem bem devagar...

quarta-feira, julho 17, 2013




É início de julho , faz frio e de quando em quando chove.
Fiquei por um bom tempo só, hoje, fiquei pensando na vida...
Pensei no preço do leite, nas pessoas que mentem e nos livros que não leio...
Pensei na tosse do meu filho, que está demorando pra passar
e na cor do esmalte que vou usar ...
Pensei em escrever sobre meu medo de elevador e linha de pipa,
Pensei em comprar um barrão de chocolate e esconder na bolsa pra comer sozinha...
Pensei no quanto meus irmãos se parecem comigo e me entendem 
e no quanto eu gostaria de ter nascido nos anos 60...
Hoje eu pensei em Jung, pensei na lua e na reforma política,
pensei na minha pele ressecada e nas músicas do Nando Reis...
Pensei sobre o tempo, loucura, sorte e morte...
Pensei na minha insônia, no meu pai e em sapatos novos...
Mas entre todos esses pensamentos,
um insistia em reaparecer de cinco em cinco minutos.
Sozinha e em silêncio, esse pensamento se repetia e me congelava,
Pensei na falta que você me faz, e isso me tirou a paz.
Eu já sabia que gostava muito de você,
mas foi exatamente nesse momento,
que descobri que te amo...

quarta-feira, novembro 28, 2012

Novo Amor Novo

Bem vindo Amor novo
que de tão novo e fresco
chega em forma de criança
livre, ingênuo e puro.
Chegou, me beijou a testa, escorregou pelos cabelos,
brincou com meus mamilos, 
se acomodou em meu ventre e se escondeu entre minhas coxas.
Novo Amor, sentimento recém nascido, inocente dos pecados futuros.
Limpo das máculas vindouras.
Novo amor novo, que entrou pela janela à tarde, depois da chuva, 
e veio rir comigo, veio rir de mim.
Porque amor novo faz troça, dá susto, amarra seus cadarços só pra ver você tropeçar. 
Se diverte quando nos rouba o juízo e esconde embaixo de uma pedra qualquer.
Novo amor faz bagunça dentro da gente, porque é moleque, 
e moleque deixa tudo fora do lugar.
Amor novo é menino de pés descalços sapateando na poça.
Faz dos nossos olhos bolas de gude e nos faz ver tudo de ponta-cabeça.
Novo Amor vem com gosto de algodão doce, colorido como bolha de sabão.
Amor novo te faz cosquinha na costela e aperta seu nariz, te prendendo a respiração. 
Amor novo só tem um desejo e no fim de cada noite vai cochichar no seu ouvido, 
um mesmo pedido:
 "Não me deixe envelhecer e perder a graça."
 
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Distração



Que desça um anjo do céu, que me dê dois sopapos na cara, na lata, e me acorde.
Não o acordar de abrir os olhos, mas o acordar de enxergar.
De ver a vida em volta, ver o sinal que mal abriu e os carros que já aceleram, a criança com o cachorro e os pães que saíram do forno.
Lembra-me anjo, que tenho contas pra pagar e as unhas dos pés para aparar.

Empurra-me, anjo, e faça-me andar, sair do lugar e caminhar na chuva.
Leve-me, anjo, pra ver o sol se pôr lá no fim da estrada do Pontal, lembra-me de como é bom o cheiro do mato e o barulho do vento nas folhas.
Desça anjo e fala-me dos homens e seus medos, e cante comigo a sua preferida do Roberto.
Venha anjo mostra-me o que tenho esquecido, um mundo inteiro girando despercebido.
Vire a ampulheta, anjo e mostra-me que o tempo não parou.
Dei-me asas, anjo e me lance ao vôo e se eu cair, recolha-me, acolha-me e faça-e dormir novamente...

domingo, novembro 25, 2012

Não há vagas...

Tenho um coração que depois de tanto tempo vazio
Havia se tornado inerte e frio
Tenho um coração que já não esperava
Nem ansiava, e pouco palpitava 
Tenho um coração que não acreditava
E tão pouco lembrava
Do que já tinha sentido
Ou de que um dia foi preenchido
Tenho um coração que despertou
Depois de tanto tempo adormecido
Tenho um coração que hoje bate descompassado e acelerado
Tenho um coração tão cheio de sentimentos 
Que já não me cabe aqui dentro
Tenho um coração que achava que sabia de tudo
E se vê tendo que aprender tudo de novo
Tenho um coração que agora tem dono
Tenho um coração um coração apaixonado



segunda-feira, setembro 03, 2012

Setembro

Na primavera você voltará pra mim, porque alguns amores dormem durante o inverno e despertam no mês das cores.
Teremos mais sol e mais tempo pra falar do tempo que perdemos, por isso passaremos as próximas noites acordados.
Seremos a cura da falta que sentimos um do outro.
Mãos dadas, corpos entregues, sorrisos soltos.
Teremos a liberdade de sermos nós.
Na primavera você voltará pra mim, porque o amor resistiu ao escuro e o frio e você ainda precisa de mim pra se entender.
Virando a estação, eu voltarei pra você, porque oito meses não foram suficientes pra eu te esquecer e eu nunca precisei tanto do seu colo.
A vida espera setembro pra ficar mais bonita, as plantas esperam essa época pra se abrirem em flores, e eu espero você.
 

 

sexta-feira, agosto 17, 2012

Controlo bem a fome e a vontade de fazer xixi
Seguro a raiva e consigo tolerar gente chata por um bom tempo
Nem o calor, nem o frio me incomodam muito
Convivo bem com os meus medos
Ando até bem confortável com a minha insônia
Tenho paciência pra arrastar a segunda-feira até o fim dela
E também acho graça na repetição monótona da rotina
Consigo lidar bem com muita coisa que me incomoda
Mas viver sem amor, é chato, enfadonho e cansativo
Viver sem amor é insuportável 


 

terça-feira, agosto 14, 2012


 

 

 

 

   

 

 

 

 

 

Escrevo porque falo pouco

Quando falo, falo sem saber

E do que falo, quase nada sinto

Do que sinto, quase nada falo

Escrevo porque sinto muito

E meu peito é pouco para caber

Se me calo, eu não minto

Há vantagens no silêncio

Mas também agonias profundas

Amores contidos e frio

Há muito frio no silêncio

Escrevo porque frio sinto

Escrevo, me esvazio e me recrio

E me aqueço no morno intervalo

Entre um silêncio e outro

 
Um casal anda á minha frente, anda rente, lado a lado
e as mãos penduradas, próximas, já não se dão.
Se sentem, se alinham pendulando na mesma direção.
Mas já não se buscam, não se alcançam e apesar de estarem perto,
faltam uma a outra.
Acenam o tchau, dão sinal para o ônibus, seguram nos ferros sujos
e nos encostos dos bancos.
Então, as mãos sozinhas, se revezam segurando a bolsa que mãos de ninguém 
se ofereceram para levar.
Mãos agora um par para cada lado, se fecham com dedos suados a caminho do trabalho, 
onde pelo dia longo e sem descanço, terão água, cimento e sabão como companhia.