Você se esconde mudo agora
Pode estar em qualquer canto escuro dessa noite
É cedo ainda pra quem acredita que o tempo não passa
Mas é tarde para o meu remorso, meu desperdício
Vá, escreva duas linhas sobre a saudade
Ou vinte páginas sobre nosso encontro malsucedido
Ache um papel que suporte tantas dúvidas
Quebre um pouco o silêncio
Recite seus diálogos mentais
Aqueles que se repetem todos os dias
Onde você ouve de mim
Palavras que nunca te disse
Talvez se fechássemos os olhos, acabariam os problemas entre nós
Se fizéssemos uma escolha consciente
Se recomeçássemos do primeiro beijo...
Não, nada mudaria,
Pois a “volta”, é o começo do avesso
É querer ir pra frente andando pra atrás
Num caminho cheio de placas sinalizando o perigo
Mas, se viesse me buscar, ainda assim, iria contigo
Faço as contas das vezes que me peguei pensando em você
No vai-e-vem da rotina,
Nos dias cheios e nas madrugadas vazias
Quero que saiba que ainda penso em você
E pensarei, até que um dia, sem avisar, esse amor decida ir embora
Mas por agora, ele não vai a lugar algum
Não tem sono que valha mais do que a história que inventamos
E do meu canto escuro, insone e insana,
Brindo à falta
E me permito mais uma vez,
Tentar ver sentido no que sinto
Desisto e brindo ao medo
Que me mantém no meu canto...